sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Há 40 anos a servir

‘quentes e boas’ em Leiria

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Maria Fernanda vende castanhas, quentinhas e boas, há já quatro décadas. Uma actividade em vias de extinção que o Diário de Leiria foi conhecer no 'Dia de S. Martinho'

Ainda na Avenida Heróis de Angola e já um aroma peculiar contaminou o ar frio de Outono, despertando os sentidos mais entorpecidos. Ao fundo vislumbra-se uma coluna de fumo e imediatamente, por entre transeuntes e automobilistas, se revela o tão conhecido e familiar carrinho de assar castanhas, como que a anunciar mais um 'S. Martinho'.
Assim é há 40 anos, desde que Maria Fernanda começou a dedicar-se à actividade. Com apenas 18 anos a 'senhora das castanhas', como muitas vezes é conhecida, abraçou o ofício que se tornou o seu ganha-pão nas décadas seguintes. O marido, José Pereira da Silva, foi quem a introduziu nesta vida que abandona "geralmente em Março", altura em que se dedica à venda de pipocas e algodão doce, nas Caldas da Rainha.
No início de Outubro regressa para ocupar o seu lugar cativo junto ao 'Largo do Papa', a assar castanhas.
A actividade, em vias de extinção, já teve dias melhores, como dita a longa experiência de vida de Maria Fernanda. "Chegámos a ser oito aqui. Agora sou só eu e o meu marido", recorda.
A tradição também já não é o que era. O 'S. Martinho' tem vindo a perder cada vez mais importância, o que leva Maria Fernanda a falar da crise como a principal culpada pelo crescente distanciamento e desapego. Agora, "só as pessoas com mais idade é que ligam à data, a malta nova já não", lamenta.  
No entanto, Maria Fernanda não esquece os "pequeninos", aqueles que durante a manhã se farão acompanhar pelas educadoras de infância até ao carrinho para se deliciarem com as castanhas assadas. São quatro os jardins-de-infância que Maria Fernanda espera hoje e amanhã na celebração do 'Magusto'. Hoje será, portanto, um dia especialmente movimentado para a 'senhora das castanhas' que as vende quentinhas e boas por dois euros a dúzia, todos os dias da semana, à excepção de segunda e quinta-feira, ou quando está a chover.

Parabéns ao Diário de Leiria, pela entrevista.

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